Um olhar que nasceu no interior e conquistou o mundo
Alex Hanazaki é um dos nomes mais respeitados do paisagismo contemporâneo. Nascido em Presidente Prudente (SP) e criado em Martinópolis, seu vínculo com a terra e o desenho surgiu cedo, influenciado pelo ambiente rural e pela sensibilidade estética que o cercava. A facilidade em traduzir ideias em traços o levou à graduação em Arquitetura pela Universidade de Marília, onde desenvolveu um olhar técnico e racional sobre os espaços construídos.
Foi em Holambra, durante um curso rápido de paisagismo, que Hanazaki teve o estalo definitivo: ali descobriu que seu verdadeiro talento estava em criar paisagens que dialogassem com a arquitetura e com o entorno. Pouco tempo depois, já em São Paulo, fundou seu próprio escritório e iniciou uma trajetória que o levaria ao reconhecimento internacional.


Prêmios que colocaram o Brasil no mapa do paisagismo mundial
A consagração veio com dois prêmios da ASLA Professional Awards, concedidos pela American Society of Landscape Architects — uma das instituições mais prestigiadas do setor. Em 2014, Hanazaki foi premiado pelo melhor jardim residencial do mundo. Em 2017, voltou a ser reconhecido na categoria geral, consolidando sua posição como referência global e elevando o Brasil ao pódio do paisagismo pós-Burle Marx.
Essas conquistas não apenas celebram o talento individual de Hanazaki, mas também mostram que o paisagismo brasileiro tem voz própria, capaz de unir sofisticação, biodiversidade e identidade cultural.



A filosofia por trás dos traços
Ao contrário de muitos profissionais que partem da vegetação para compor o espaço, Hanazaki inverte a lógica: ele começa pelos elementos estruturais — espelhos d’água, taludes, pérgulas, caminhos — e só depois escolhe as espécies vegetais que melhor se integram ao conjunto. Essa abordagem garante fluidez, proporção e uma sensação de acolhimento que é marca registrada de seus projetos.
Mais do que um estilo visual, Hanazaki busca criar atmosferas. Seus jardins não são apenas bonitos — são pensados para provocar sensações, estimular o convívio e respeitar o entorno natural e arquitetônico. Cada projeto é único, sem fórmulas prontas, mas com uma assinatura invisível: a harmonia entre forma, função e emoção.
Projetos que traduzem sua essência
- Residência premiada pela ASLA (2014 e 2017) Em parceria com a arquiteta Débora Aguiar, o projeto integra três níveis por meio de taludes gramados, iluminação LED e espécies como jabuticabeiras e capim-do-Texas. O resultado é um jardim que se funde à arquitetura, criando uma experiência sensorial contínua.
- Praça Eliane – CASACOR 2016 Uma intervenção urbana que mistura texturas naturais e traços geométricos, criando um espaço de convivência que valoriza o design e a vegetação nativa.
- Jardim Deca – CASACOR 2017 Projeto comercial que exalta formas contemporâneas e espécies brasileiras, reforçando a brasilidade como elemento de sofisticação.
Para nós, do Portal do Verde, o trabalho de Alex Hanazaki representa uma revolução silenciosa no modo como enxergamos o paisagismo. Ele não apenas desenha jardins — ele cria narrativas vivas que se desdobram em cada folha, em cada sombra projetada, em cada caminho que convida à contemplação.
Hanazaki nos ensina que o verde não é um adorno, mas um protagonista. Seus projetos mostram que o paisagismo pode ser tão expressivo quanto uma obra de arte, tão funcional quanto uma boa arquitetura, e tão emocional quanto uma memória afetiva. É impossível passar por um espaço criado por ele e não sentir algo — seja paz, curiosidade, acolhimento ou admiração.
Esperamos que esta matéria inspire nossos leitores a olhar para seus próprios espaços com mais sensibilidade e intenção. Que o verde seja mais do que uma escolha estética: que seja uma forma de viver, de se conectar e de transformar o cotidiano em algo extraordinário.